Prof. Dr. HC. João Bosco Botelho
O COTIDIANO DAS MATERNIDADES EM MANAUS ‑ É do conhecimento público o grande número de grávidas que procuram as maternidades públicas em trabalho de aborto incompleto.A maioria é provocado pelo uso de substâncias químicas ou pelo manuseio da cavidade uterina com material contaminado.
Já chegam aos hospitais com hemorragia severa e infecção,algumas em sério risco de vida.Quando inquiridas,todas negam a intenção abortiva pelo medo das represálias legais.
A BUSCA DAS RESPOSTAS ‑ Para compreender um problema de tamanha gravidade é necessário refletir,sem prejulgamentos nem preconceitos.
A pergunta básica é a sequinte: o que se mostra tão sedutor a essas mulheres capaz de lhes dar força suficiente para tomar uma atitude capaz de levar à morte ?
A análise feita em países industrializados e ricos mostra claramente que os indicadores socio‑econômicos não podem ser os únicos responsáveis.
O aborto,como método anticoncepcional,sob a permissão jurídica do Estado ou realizado criminosamente,continua sendo uma questão complexa,oriunda de tempos imemoriais,com fontes acessíveis a partir do escravismo grego‑romano.
NO ESCRAVISMO POLITEíSTA ‑ Os métodos abortivos,usados como concraceptivos,foram usuais em toda a antiguidade.Essa herança chegou ao mundo grego‑romano.Os registros mostam que pouco importava à mulher daquela época o momento biológico mais propício para se desembaraçar de uma criança indesejada.O universo mítico do politeísmo,no Oriente e no Ocidente,não empunhava restrição.