Prof.Dr.HC João Bosco Botelho
As reconstruções da ética médica, no século 19, se caracterizaram pelo esforço dos filósofos da ciência e juristas para acompanhar os extraordinários avanços da ciência e tecnologia aplicados ao diagnóstico e tratamentos das doenças. Essa tendência está caracterizada: busca do agente etiológico de muitas doenças; utilização de equipamentos que podem alcançar onde os olhos desarmados não entendem; exames micrológico (célula e bactéria) e ultramicológico (molécula) de partes do corpo ou de doenças para firmar o diagnóstico clínico; reprodução nos laboratórios de reações físicas ou químicas que se passam no corpo; maior domínio das doenças infecciosas ligadas às epidemias temidas (bacterianas: hanseníase, tuberculose, estafilococcias, estreptococcias, malária, tifo, tétano) e (vírus: AIDS, gripe aviária e outras viroses).
A Medicina se acoplou às idéias evolucionistas de Charles Darwin e, sem imaginar a grandeza da descoberta, em 1865, presenciou a publicação de Gregor Mendel, sobre o cruzamento de ervilhas, inaugurarando o pensamento molecular, por mim entendido como o Terceiro Corte Epistemológico da Medicina.
Por todas essas razões, o século 19 fortaleceria a anatomia-clínica que assentou as bases da atual formação médica e a fisiologia, ampliando as respostas quanto aos diagnósticos e tratamentos.
Ao mesmo tempo em que as ordens sociais compensavam com elogios a Medicina e os médicos com pelos inimagináveis progressos no controle de muitas doenças infecciosas, as idéias políticas giravam em torno de seis vertentes, que nos anos seguintes proporcionariam outras discussões na ética médica: humanismo de Feuerbach; evolucionismo de Dawvin; individualismo romântico de Chateaubriand; Manifesto de Marx e Engels; positivismo de Comte e o historicismo de Hegel.
O século 20 estruturado por transformações ainda mais complexas nas práticas médicas, refletiu do aumento da longevidade, que, em certos países, acrescentou mais de vinte anos à média de vida das populações.
O maior destaque, da segunda metade do século 20, a genética, a partir da descoberta da cadeia espiralada do ADN, em 1953, por Watson e Crick, com todas as variáveis: estudo do genoma humano, inseminação artificial, antibióticos, métodos anticoncepcionais, métodos terapêuticos experimentais e novos saberes na virologia, imunologia, cancerologia, traumatologia, radioterapia, quimioterapia, vacinas, que forçaram outras mudanças e novas leituras dos códigos de ética médica.