Prof. Dr. HC João Bosco Botelho
O estudo dos fósseis mostram que os homens primitivos estavam sujeitos a diversas doenças semelhantes àqueles que nos continuamos enfrentando nos dias atuais. A patologia traumática foi uma das mais freqüentes delas foram confirmadas sinais evidentes de infecção do osso, a osteomielite, semelhante a que se encontra nos hospitais da atualidade.
Já foi possível, através dos estudos da microscopia, a confirmação da existência de reumatismo do homem pré-histórico. Com a descoberta, em 1956, do esqueleto do Homo sapiens que viveu entre 70.000 e 40.000 anos a.C., apresentando sinais ósseos de degeneração artrítica muito avançada, confirma-se a antiga suposição de que muitas das doenças modernas não são tão atuais se pensava inicialmente.
Infelizmente as pesquisas arqueológicas jamais encontraram corpos ou órgãos anteriores a 4.000 anos a.C. Em compensação, já foram identificadas várias bactérias fossilizadas. O pólem de Nenúfar, designação de diversas plantas da família das ninfeáceas, capazes de determinar reação alérgica no homem atual, existe desde o Plaistoceno médio, isto é há mais de 100.00 anos.
O achado de doenças que existiam há muitos milhares de anos é indiscutível. Porém, interessa conhecer como os homens iniciaram a luta para aumentar o conforto, conservar a saúde e evitar a morte. Alguns autores, especializados na História da Medicina e zoólogos arriscam afirmar que esta luta estaria implíciata na comparação com o comportamento de certos animais, quando feridos ou doentes lambem os ferimentos, fazem limpeza mútua de parasitas da pele e comem plantas eméticas. É possível que os nossos antepassados tivessem se comportado da mesma maneira. As primeiras medidas terapêuticas adotadas talvez tenham sido a sucção da área ferida e compressão local para aliviar a dor ou para parar uma hemorragia.
A importância social da mulher era reconhecida, não só pela sua condição de procriadora, mas também pelo seu papel desempenhado na transmissão hábitos culturais e experiências acumuladas coletivamente. Não é tão simples estabelecer com precisão como se processou a distribuição do trabalho entre os homens e as mulheres ao longo do tempo. Em princípio, o trabalho da agricultura e domesticação dos animais foram exercidos pelas mulheres, enquanto a caça era função masculina, sendo esta última responsável pela maior parte da subsistência alimentar da comunidade. Parece ser certo que nas comunidades primitivas existia natural divisão de trabalho, com participação de homens e mulheres.
A linha de parentesco foi predominantemente matriarcal como conseqüência dos acasalamentos múltiplos. Só posteriormente, com a consolidação do assentamento definitivo do homem, com a Revolução Agropastoril e com o aparecimento da propriedade privada, foi que a monogamia e o patriarcado iniciaram as suas ascenções na hierarquização social. Esse evoluiu até a santificação da maternidade, onde a mulher passou a representar espécie de propriedade o homem, como uma alternativa para a garantia da paternidade, legitimação social dos filhos e assegurar a posse da herança.
A arte rupestre expressa nos diferentes sítios arqueológicos das grutas da Lascaux (França) Altamira (Espanha) e Vogelherd (Alemanha), entre outras, dão idéia da forma humana predominante no Neolítico. A pintura do rosto humano é raro nestes sítios quando comparado com o desenhos dos bisões, cavalos e outros animais pintados em cores vivar e com aguda percepção dos detalhes.
Entretanto, no albrigo rochoso de La marche, na França, os desenhos reproduzem temas humanos com mais detalhes. São os todo cinqüenta e sete gravuras de cabeças humanas isoladas e outras cinqüenta e uma menos completas com o corpo. Este único contém, inexplicavelmente, mais de um quarto de todas as pinturas rupestres disponíveis de figuras humanas de todo o período Neolítico.
Nestas figuras os personagens masculinos são retratados com os cabelos curtos e cuidadosamente arrumados, alguns com barba e outros com bigodes, já as mulheres são identificadas, quase uniformemente, pelos grandes quadris, de baixa estatura em relação aos homens e muito obesas com grandes mamas.
As representações femininas mais representativas e conhecidas desse período são as Vênus, estatuetas de mulheres extremamente obesas, com grandes seios e ancas muito largas. Existem mais de uma centena encontradas em diferentes lugares da Europa e da Ásia. Alguns sugerem uma representação envolve destaque para a importância social da materminidade já que tem a vulva esculpida em alto relevo e proeminente em relação as outras estruturas anatômicas.
A Vênus mais conhecida é a de Willendorf, datando entre 30.000 e 25.000 anos a.C., que retrata as mesmas características mortológicas. Essas esculturas de mulheres que datam do Plesitoceno superior e do Neolóstico, apresentam as suas linhas tão uniforme que induz ao pensamento de se tratar muito mais que uma representação de característica puramente material. Pode, sem dúvida, expressar um sibolismo do ideal, já que todas, independente do lugar aonde foram encontradas, algumas em sítios arqueológicos distando milhares de quilômetros de outros, possuem as mesmas características físicas e o mesmo tamanho, entre 20 e 30 centímetros de altura.
Essas pequenas esculturas foram encontradas em numero significativo com as mesmas formas em Rassempoy (França), Sireuil (França), Grimaldi (Itália), Willenforf (Áustria), Catal hyuk ( Turquia), Tin-Hin (Síria) e Tylden-Farm ( Zimbabwe).
A tuberculose óssea n coluna vertebral, problema médio freqüente nos países subdesenvolvidos, inclusive no Brasil, foi documentado por achado do esqueleto de homem do período Neolítico, em torno de 8.000 a.C., constituindo o primeiro exemplar médico de tuberculose óssea.
Mais fascinante foi o achado do osso femur de Homo erectus, com mais de 250.000 anos, afetados por tumor ósseo medindo quatro centímetros no seu diâmetro.