Prof. Dr. HC João Bosco Botelho
Ao contrário da civilização asteca que teve os seus registros escritos destruídos pelo conquistador europeu, os incas não dispunham de nenhuma forma de escrita.
O envolvimento mítico-religioso nas práticas médicas da civilização inca foi evidenciado por achados de estatuetas de argila e desenhos rupestres nas ruínas encontradas no Peru.
A crença de que os pecados eram as causas das doenças dominava os incas tanto quanto os astecas. As doenças eram o castigo pelos pecados e os deuses exigiam sacrifício, orações e confissões. O sacrifício humano não atingiu as proporções encontradas entre os astecas, mas ele existiu na civilização inca.
A interpretação dos sonhos era utilizado como forma de tratamento e a sucção das partes do corpo era uma das normas médicas utilizadas, talvez porque se pensasse que fosse possível tirar os espíritos que faziam o corpo adoecer.
O conhecimento que os incas tinham das ervas medicinais chegou a impressionar os espanhóis. Eram conhecidos os colhedores oficiais de ervas medicinais e os boticários ambulantes que levavam as ervas secas e medicamentos de origem mineral.
Duas dessas plantas tiveram notável sucesso na medicina ocidental nos séculos seguintes: a quinaquina (Myroxylon peruiferum) cujo óleo era empregado no tratamento das feridas e que ficou conhecido nas farmácias da Europa como o bálsamo- do- Peru. A outra é o arbusto da coca. O principal alcalóide das sua folhas, a cocaína, tornou-se no século XIX a base da anestesia local em todo o mundo.
Importantes representações em forma de pequenas estatuetas de argila com clara evidência de amputações dos pés e das mãos sugerem que foram práticas deliberadamente com objetivo terapêutico.Cerca de 1.000 anos mais tarde, os europeus ainda temiam a amputação em membros não gangrenados.
Foram encontrados em antigo cemitério inca pelo jornalista e arqueólogo amador Ephraim Squier (1821-1888) centenas de crânios trepanados, datando de aproximadamente 1000 anos. O estudo arqueológico mostrou que são em tudo semelhantes aos encontrados em diversos pontos da Europa, Asia Menor, Norte da África, Sul da França, Inglaterra, Dinamarca, Portugal, Cáucaso, Mesopotâmia e na Palestina.
Onde achar os pontos da união entre estes fatos inquestionáveis da história da Medicina? Trata-se de conhecimentos eurístico ou de consciência genética coletiva da espécie?
É certo que ainda perduram muitas dúvidas sobre a possibilidade de trocas de informações entre as comunidades primitivas dos diferentes. Como explicar, somente baseado em dados geológicos, que comunidades primitivas que viveram na Mesopotâmia e no ato da cordilheira dos Andes possam ter praticado os mesmo atos médicos e com resultados semelhantes?
Parece ser correto admitir que há 40 milhões de anos os continentes tinham atingido suas posições atuais. Nestas condições, como teria ocorrido a troca de informações entre os grupos sociais primitivos, se a nossa espécie surgiu no planeta há somente 500.000 anos?
Até hoje não temos respostas convincentes para estas perguntas.